Visando o contínuo aprimoramento de suas técnicas, a Equipe Lupe participou da palestra do renomado médico veterinário Dr. Aluísio Cruz Marins, formado pela Universidade de Marília, que hoje preside a Universidade do Cavalo, localizada na cidade de Sorocaba. A Universidade do Cavalo recebe cerca de 3 mil alunos por ano.
A palestra foi realizada no dia 18 de outubro de 2011, em Brasília, organizada pela Cristal Horse Shop, em parceria com Rações Guabi e apoio do Brasília Country Club.
Abaixo, temos o prazer de compartilhar alguns dos valiosos conhecimentos apresentados pelo Dr. Aluísio sobre comportamento natural dos cavalos, mas sobretudo sobre doma inteligente.
DOMA INTELIGENTE:
O nome para este tipo de doma foi dado porque o cavaleiro tem de ser inteligente o suficiente para saber que um cavalo não faz mais ou melhor pelo desgaste. Ele faz mais e melhor pelo processo de aprendizagem, ou seja, pelo o que lhe for ensinado.
Com a doma inteligente, o treinador se desgasta o mínimo e produz mais, e o cavalo treinado por ele também se desgasta menos e produz mais. Para que isso aconteça, o cavaleiro tem de estudar sobre o processo de aprendizagem do cavalo.
A doma inteligente começa com o respeito e compreensão pelo comportamento natural do animal. É necessário aprender como ele vive se estivesse vivendo em seu habitat natural, como se comporta e se comunica com outros de sua espécie, como é o processo de aprendizagem do potro com a mãe etc.
A doma inteligente começa com o respeito entre cavalo e domador, depois, pelo ensinamento do cavaleiro pelo respeito que o cavalo deve ter pelo cabresto (buçal). Este processo deve ser ao passo para desenvolver a musculatura dorsal do animal.
Em seguida, o cavalo deve respeitar os espaços para que o potro acostume a situações diversas. A partir dos 3 anos, coloca-se a sela, lembrando que, daí para frente, o cavaleiro deve, gradativamente, fazer com que o cavalo não tenha medo e não se assuste com novidades como a sela e a monta. Portanto, “não se deve ter pressa!”.
COMO SABER SE A DOMA É BEM FEITA
Segundo o Dr. Aluísio Marins, os pontos importantes são:
1. Como é feito o manejo? Antes de encilhar o cavalo, observar, como o cavalo come e como se comporta, tanto no piquete como na cocheira. Se a doma é tensa, o cavalo é tenso.
2. Como o cavalo é montado? Visualmente falando, observar qual é a ideia comportamental que o cavalo passa para quem nunca o viu: nervosismo, ansiedade, tensão, relaxamento etc.
3. Qual é o tempo de doma? O domador, com conhecimento, trabalha com base no tempo de aprendizagem do potro e não com base no tempo de entrega por estar desgastado, e não com base no tempo estabelecido pelo proprietário do cavalo, ou com base no tempo que ele tem disponível . O tempo de aprendizagem do potro é o mais importante, visando à conscientização dos cavaleiros e à dos proprietários, para proporcionar uma base mais tranquila e devagar na utilização do cavalo.
Existe muito pressão no esporte equestre na busca por resultados, na ânsia de ganhar uma prova, conseguir patrocinadores. E isto vai existir sempre, mas esta pressão e ansiedade não pode ser passada desde cedo para os jovens cavaleiros e para novos proprietários.
Hoje em dia, vemos cavaleiros e amazona que não sabem ao menos apertar uma barrigueira ou regular os estribos, e nem mesmo sabem alguma noção sobre comportamento natural de um cavalo ou sobre sua anatomia, saúde ou trato, mas já estão saltando em provas e campeonatos, e entrando em provas de séries preliminares de adestramento, correndo tambor ou fazendo trilhas de 30 km em provas de enduro. Ás vezes se presta atenção na Equipe Olímpica e se esquece de prestar atenção na base do conhecimento sobre cavalo e equitação, e do mais importante que é a relação de respeito entre cavalo e cavaleiro (horsemanship). Às vezes, essa pressa e falta de conhecimento resulta em muitas frustrações ou até mesmo em acidentes.
Existem muitas coisas legais sendo feitas no âmbito das pistas de competições, mas muito pouco se faz acerca do conhecimento sobre cavalos, deixando muito a desejar. O Dr. Marins espera que suas palavras ajudem os cavaleiros, as amazonas e os proprietários de cavalos a observarem, cuidarem, conhecerem e respeitarem mais seus animais . E que fique bem claro que o cavalo deve ser tratado como animal e não como humanos, pois o “excesso de amor” também pode ser prejudicial e proporcionar infelicidade ao cavalo.
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