“Minha experiência me ensinou que boas linhagens de raça vencem o bom trabalho, e linhagens fracas, na minha opinião, levam a dificuldades. Você pode vencer dificuldades se trabalhar e treinar o cavalo desde o seu início. É mais fácil fazer um cavalo de adestramento, pois um cavalo de “grand prix” é feito, não nasce “grand prix”, mas é necessário uma certa pré-disposição, ou seja: boa base anatômica, porém, o importante é que o cavalo de “grand prix” tenha boa cabeça, boa índole e vontade de trabalhar. As outras coisas são secundárias, adequando-se a cada treinamento...”
Klaus Balkenhol
(Campeão olímpico alemão)
Ao procurar um potro para trabalhar e treinar, é necessário prestar atenção à sua estrutura corporal e a seus movimentos, e principalmente a seu temperamento e carisma. É necessário ter bastante imaginação ao ver um potro e imaginá-lo embaixo de um cavaleiro. Por mais atraente e amigável que o processo de treinamento de um potro possa parecer, os perigos são quase que inevitáveis.
Desde muito cedo, ainda mamando na mãe, a equipe de Klaus Balkenhol procura realizar exibições com a mãe, em público, e com bastante prática, o potro passa a sentir-se seguro em exibições, como se fosse algo quase que natural em sua vida. A difícil medir, mas é o bom trabalho de solo antes de sua doma pode definitivamente facilitar mais tarde quando o potro se torna um cavalo de montaria. O costume de trabalhar o potro tendo o humano como líder de bons momentos na vida do potro tem tornado uma experiência muito bem sucedida na equipe de Balkenhol, fazendo confirmar que o convívio e parceria com os humanos desde muito cedo faz muita diferença.
No entanto, não existe nada que possa substituir a socialização de um potro com várias mães e potros da mesma idade no pasto, junto da proteção de suas mães. O grupo provê um sentimento de segurança e esta socialização fornece ao potro um desenvolvimento saudável.
Com seis meses, os potros de Balkenhol começam a receber alimentação extra além do capim no pasto. A controlada adição de minerais e vitaminas facilita na adaptação da desmama e tem contribuído significativamente na qualidade da formação de cavalos de raça.
Uma boa relva com bastante espaço e um bom clima garante que os potros machos cresçam em condições saudáveis. Mesmo soltos no pasto, os potros necessitam ser inspecionados todos os dias para não perderem seus relacionamentos positivos com humanos. A visita com filmadoras, guarda-chuvas, e outros apetrechos que possam assustar o cavalo, devem acontecer com frequência para que os potros possam habituar-se, mesmo soltos, com adversidades inesperadas. Como eles não possuem experiências ruins com pessoas, a curiosidade acaba vencendo o medo, e após identificarem que a novidade não significa perigo, acabam se desinteressando e vão embora pelo pasto. É importante manter o relacionamento de confiança, pois cavalos são animais que vivem em bando e seguem seus líderes mesmo entre o fogo. É importante que os cavalos identifiquem os humanos como líderes para manterem-se fiéis seguidores.
Com dois anos, Klaus Balkenhol dá início ao trabalho de guia e aos três anos começa o trabalho de guia com o potro encilhado. Quando começa o treinamento com a sela, primeiramente, antes do início do trabalho à guia, os potros encilhados são puxados ao passo. É necessário certificar-se que nenhum dos materiais estejam desconfortáveis para o cavalo, pois não pode haver nenhuma pressão. É importante não haver conflitos de qualquer natureza, sobretudo em situações que o cavaleiro possa perder o controle do animal, pois o cavalo não pode perceber sua superioridade física.
Acostumado com o trabalho na guia desde seu segundo ano, o potro não sente dificuldade para logo entender a rotina do trabalho na guia com sela. A novidade para ele é aprender a se equilibrar com algo em suas costas. É importante realizar o mesmo trabalho dos dois lados, por cerca de 15 minutos, diariamente. O cavaleiro deve manter-se totalmente calmo e sereno para transmitir segurança ao cavalo. Depende do temperamento do cavalo e do tempo necessário para este trabalho poder passar para a fase seguinte, que é trabalhar o potro montado.
Após algumas semanas de trabalho, o cavaleiro, calmo, seguro e relaxado, e com cuidado, monta o potro e sai ao passo, e quando sentir que o potro já está mais confiante e relaxado, trabalha ao trote e a galope, e em todas as andaduras, o cavaleiro deve manter-se calmo e relaxado, mesmo quando há alguma reação de fuga repentina. É necessário estar atento para fazer com que o cavalo consiga perceber sempre que o humano é seu líder, por isso, a calma e o controle são necessários para parar a reação de fuga a tempo do potro continuar gostando de trabalhar e se movimentar junto com o cavaleiro. Os cavalos não são criaturas ambiciosas e, para eles, o movimento corresponde à sua natural necessidade de se movimentar para procurar comida, por isso é necessário que o líder (cavaleiro) motive o potro a movimentar-se para que ele goste de trabalhar.
Todo trabalho até aqui é feito em galpão fechado até que o cavalo esteja demonstrando mais confiança e relaxamento no trabalho com o cavaleiro montado. Cavalos novos nunca devem ser forçados ao limite, e isso varia de cavalo a cavalo, um ponto que deve sempre ser levado em consideração. Por exemplo, dois potros irmãos por parte de pai, com a mesma idade, variam em seu desenvolvimento de trabalho, pois possuem temperamentos diferentes.
Depois de adquirir confiança em pista fechada, o cavaleiro pode começar a trabalhar o potro em pista externa. O trabalho deve ser gradual e sem força-lo até o limite. O trabalho ao trote com rédea solta, deixando o cavalo abaixar seu nariz e alongar o pescoço fortalece as costas do cavalo, tornando-o mais capaz de carregar seu próprio peso e de seu cavaleiro. Somente as costas relaxadas e fortes possibilitam que o potro se torne um bom cavalo de montaria, quer seja para salto ou adestramento.
As transições, sobretudo para baixo, devem ser feitas com suavidade, pois elas fazem com que o cavalo desenvolva sua boa vontade e pré-disposição para trabalhar, por exemplo, a transição suave de trote para passo e de passo médio para passo longo.
Cavalos novos de três anos não devem experimentar cantos, todas as curvas devem ser grandes e todo trabalho é feito com leveza. Os cavalos devem ser trabalhados com regularidade, todos os dias. Logo depois devem ser soltos no pasto por algumas horas, e depois voltam para dormir nas baias. Com a chegada do verão, durante cinco meses (de junho a outubro na Alemanha), os potros permanecem no pasto em total liberdade. Somente em novembro, quando já estão com quase quatro anos, o treinamento sistemático recomeça. A experiência mostra à equipe de Klaus Balkenhol que muito rapidamente os potros demonstram lembrar o que aprenderam na primavera passada.
Um estábulo com baias claras e arejadas, com um amplo padoc, faz o cavalo manter-se em condições saudáveis. As baias são abertas para os padocs, que, por sua vez, são abertos para piquetes para cada dois cavalos ̶ um potro e um cavalo mais velho ̶, assim o potro continua sentindo a mesma segurança da socialização que tinha no pasto, conseguindo receber a segurança que precisa. Isto facilita no desenvolvimento de um bom temperamento.
O trabalho sistemático começa com trabalho em guia, encilhado e com rédea lateral longa, fazendo o potro aprender a aceitar o bridão, sem muita tensão, mas com certa estabilidade. Isto ajuda a desenvolver o pescoço flexível. O chicote na mão do cavaleiro é para o cavalo habituar-se a ajudas de apoio para movimentar-se para frente.
O trabalho sistemático montado segue pelo menos por mais dois anos até que o cavalo novo consiga atingir o nível ideal de qualidade de trabalho na primeira fase da escala de treinamento, cujos elementos trabalhos para atingir o entendimento de trabalho e confiança são a regularidade no ritmo e cadência (desenvolvimento do equilíbrio), a flexibilidade (desenvolvimento da musculatura com flexibilidade) e o contato (leve, confiante e constante).
Klaus Balkenhol nos ensina que é muito importante respeitar a idade dos cavalos e esperar o tempo que ele necessita para formação adequada de sua musculatura, pois a capacidade de aprender dos potros é bem mais rápida que a formação de suas estruturas anatômicas. Respeitando o tempo para trabalhar o cavalo adequadamente torna possível ter um cavalo bem trabalhado para bastante tempo!
Klaus Balkenhol nos ensina que é muito importante respeitar a idade dos cavalos e esperar o tempo que ele necessita para formação adequada de sua musculatura, pois a capacidade de aprender dos potros é bem mais rápida que a formação de suas estruturas anatômicas. Respeitando o tempo para trabalhar o cavalo adequadamente torna possível ter um cavalo bem trabalhado para bastante tempo!
Fonte: BALKENHOL, Klaus. From foal to Grand Prix horse. Trailer disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=shWpHbr_fvk>.
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