Quando um cavaleiro se convence de que já sabe tudo sobre equitação é quando ele perde a humildade e paralisa seu aprendizado. A prática da equitação é um processo contínuo de aprendizagem. O ditado que diz que “cada cabeça é uma sentença” também se aplica aos cavalos, e por isso, lidar, negociar e trabalhar um cavalo, de maneira a encontrar o preparo físico e mental ideal, é um aprendizado diário ao longo da vida de quem pratica este esporte. Portanto, engana-se o cavaleiro que se julga autossuficiente e dispensa a ajuda para ser observado e avaliado ao montar e trabalhar um cavalo.
Os cavalos são muito sensíveis às ajudas e à postura do cavaleiro. Ao contrário, o cavaleiro, não tem consciência da ineficiência de suas ajudas e não percebe que adquire vícios de postura (como abaixar demais a cabeça, manter a coluna encurvada, puxar a perna para cima, esticar os braços, esticar a perna para frente etc), ou adquire manias (como utilizar o chicote sem necessidade, usar a espora em excesso, puxar a rédea sem necessidade, trabalhar sem a ajuda do acento etc.). Daí a importância de se ter aulas, até mesmo para os cavaleiros mais experientes!
É sempre importante para o cavaleiro reciclar suas técnicas com outros mais experientes. O cavaleiro deve estar sempre tentando melhorar. O bom cavaleiro é aquele que está sempre aberto a aprender. Por isso, obter instrução é importante, porém não é tudo. A instrução deve ser de qualidade, com técnica suficiente para atingir o preparo físico e mental do conjunto.
O desenvolvimento físico-mental exige que o cavaleiro aprenda a se autoavaliar, a se conhecer e a ter sensibilidade suficiente para conhecer e sentir seu cavalo, suas características, sua personalidade, suas manias e seus defeitos, assim como os seus próprios. E para tanto, é preciso ter apoio de um bom técnico.
O bom cavaleiro é aquele que pratica a equitação ouvindo, perguntando, se orgulhando dos elogios, mas também aceitando críticas, tentando se corrigir, observando, fazendo, experimentando, enfrentando desafios, estudando, se concentrando etc. A equitação é um esporte composto por mais falhas do que êxitos, por isso, o bom cavaleiro é aquele que sabe ser humilde, paciente e persistente, mas que também sabe desfrutar dos momentos de alegria e de vitória.
Segundo Frank Maden, se o cavaleiro não sabe o suficiente sobre seu esporte, não deverá ficar surpreso se não conseguir atingir seus objetivos. E George Morris afirma que o cavaleiro pode fazer mais do que sabe, basta confiar! O cavaleiro só irá acreditar no que sabe depois que fizer, mas primeiramente deve ser bem preparado para enfrentar os desafios da equitação. O cavaleiro conseguirá mais confiança somente se testado, mas para isso deverá estar sendo assistido para testar suas habilidades com segurança. Portanto, é necessário estabelecer uma parceria entre cavalo, cavaleiro e instrutor.
É por isso que é importante ter um técnico para dar assistência, advertir sobre riscos, corrigir vícios e manias, ensinar técnicas e avaliar a qualidade do trabalho físico, avaliar o equilíbrio mental do cavalo e do cavaleiro, adequar o trabalho aos limites e ao nível de conhecimento do conjunto, definir uma metodologia de trabalho para atingir objetivos específicos etc.
... E pensar que em pleno século XXI, o Brasil, que vai sediar uma Olimpíada, ainda não tem a cultura de valorizar o profissional de equitação, o técnico de um dos esportes olímpicos. A profissão de instrutor nem sequer é reconhecida formalmente! Como se pretende formar atletas desta modalidade olímpica se não há incentivo, apoio e reconhecimento dos profissionais envolvidos neste esporte?
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